A idade da inocência 2 – “Epílogo”
Aos 66 anos, 6 meses e 6 dias (notem a referência ao número do diabo!), Cavaco Silva acaba de se tornar o mais idoso candidato a ser eleito Presidente da República, desde que alguém resolveu começar a chamar a este regime uma democracia.
Só o facto de ter concorrido contra Soares pode fazê-lo parecer mais jovem.
Se se mantiver a “tradição democrática” portuguesa de um PR cumprir 2 mandatos, o “Criador do monstro” deverá comemorar em Belém a festinha das suas formosas 76 primaveras. Duvido que no programa desse esperado dia esteja a subida a um coqueiro.
Podia começar aqui a fazer prognósticos para os candidatos às eleições de 2016 (onde Mário Soares deverá estar, de novo, na 1ª linha), mas não irei por aí.
A mensagem que queria aqui deixar é outra e é de elogio ao eleitorado português.
Parece-me extraordinária a votação de Manuel Alegre face a Soares. Uma boa parte dos votantes distinguiu perfeitamente que numa eleição presidencial se vota numa pessoa e não num partido, e mandou às urtigas a “disciplina partidária” imposta por Sócrates. É claro que para isto muito contribuiu o absurdo deste apresentar o avô Soares como candidato.
É curioso ver que as melhores votações de Alegre se registaram em concelhos tradicionalmente comunistas (é conhecido o ódio que os comunas têm a Soares, que levou muitos a votar Alegre só para este ficar à frente do bochechas) e que nesses concelhos Jerónimo de Sousa é o 3º mais votado, atrás de Alegre e Cavaco. Mas ao mesmo tempo, a nível nacional, Jerónimo não perdeu votos! (será que se pode chamar a isto o milagre da multiplicação?…)
Bom, chega de política. Vou apenas desejar que Cavaco seja um bom presidente do conselho… quero dizer, da República…