sexta-feira, outubro 07, 2005

Observando a Republica das bananas

As eleições do próximo Domingo vão ficar na história por vários aspectos insólitos. Passemos a enumerá-los:

1. O, tristemente célebre, debate (ou terá sido um duelo?) entre os principais candidatos à maior autarquia do País.

Preocupa-me o facto de um dos cargos políticos mais poderosos e importantes da nossa Republica (cada vez mais das bananas) vir a ser ocupado por um daqueles dois. Depois da demonstração de falta de educação, civismo e respeito pelos eleitores. Eleitores esses que os viam na esperança de que a troca de ideias e opiniões os ajudasse a identificar projectos e soluções para os problemas da sua cidade e lhes desse indicações sobre qual dos dois seria a melhor escolha. Depois do que viram... resta aos Lisboetas escolher o menos mau... ou... um dos outros!

2. O fenómeno da popularidade que os candidatos-arguidos evidenciam.

Alguns deles preparam-se para conseguir vitórias estrondosas. Apesar de lutarem contra a fama de criminosos, contra os partidos da oposição e... contra os seus próprios partidos, continuam a merecer o carinho, a admiração e a confiança do seu povo. Este facto merece ser estudado com atenção. Para os que, como eu, observam de longe, parece estupido e ignorante que a população vá dar um voto de confiança a uma pessoa que, tudo indica, cometeu um crime, que lesa o seu próprio bolso. Ou, pelo menos, sobre quem recaem suspeitas graves, ainda não afastadas. Mas será que não estamos a ser precipitados na nossa análise? O que é que nos interessa enquanto munícipes? Segurança, limpeza, espaços verdes, desportivos e de lazer, emprego, acesso a cultura e espectáculos. No fundo, interessa-nos que a nossa qualidade de vida vá melhorando de ano para ano. Ora, não sou conhecedor profundo do que tem vindo a ser feito nos Concelhos de Oeiras, Gondomar, Felgueiras e Marco de Canavezes. Mas parece-me que, se as pessoas não estivessem satisfeitas nestes pontos que enumerei, não estariam tão satisfeitas com o seu Presidente. Ou seja, se este não estivesse a fazer um bom trabalho para a sua população, se esta não sentisse directamente os benefícios do seu trabalho... Será que lhe perdoariam a, alegada, falta de honestidade? Será que alguns que, sendo íntegros e honestos, são manifestamente incompetentes e prestam um mau serviço a quem os elegeu, não merecem tanto ou mais desprezo? Este parece-me ser um debate interessante, complexo e... muito polémico!!
3. A fortuna que se gastou nas campanhas eleitorais por esse País fora.
Com a crise que atravessamos. Com o esforço e sacrifícios que, dia após dia, são pedidos (ou melhor, exigidos) aos portugueses. Com o desemprego. Com a quantidade crescente de portugueses a viver no limiar da pobreza. Como se compreende que esta tenha sido a campanha eleitoral em que se gastou mais dinheiro? Parece-me que este facto só ajuda a fortalecer a tese de desonestidade da nossa classe política. A ideia que passa é que as coisas estão tão mal que a única saída para um grupo de incompetentes e incapazes é... o tacho. Vai daí, toca a dar o tudo por tudo... a investir em força na última esperança: ser eleito! Com isto a nossa classe política vai ficando mais desacreditada. Quanto mais dinheiro gastam a tentar convencer os eleitores a votarem neles... menos estes votam... em quem quer que seja!!!
4. Os homicídios de alguns candidatos.
Alguém sabe em quantos já vai???

1 comentário:

Anónimo disse...

Viva tiger,
Companheiro de luta.

A res púbica e a banana,
não respondendo a nada

Tudo que escreveste tem fundo … mas (há sempre um) nós também somos culpados.
Cada um à sua maneira, como cada macaco em seu galho, oleamos uma das grandes máquinas que vende bananas nesta república.
Cuidado, qualquer veleidade mais afoita pode ser uma casca no nosso caminho.
Mais, a capacidade de encontrar e apresentar de maneira apetitosa as desejadas bananas, é o que nos garante o leite das crianças.
Isso conta.
Pior, são os sapos que temos de deglutir.
O resto é uma pescadinha de rabo na boca… com sabor a banana, que os especialistas na matéria gerem e digerem como ninguém.
Nós entretanto para esquecer os sapos e as manchas de óleo, procuramos conforto na res púbica.

Se o eleitorado público quer bananas, na insaciável curiosidade da sagrada instituição da comunicação social, porque terão os políticos de serem trutas num mundo de bananas!
O que justificará a diferença, para meter o peixe ao barulho?

Com assassinato da classe média que o PS e o PSD vêm perpetrando ao longo de duas décadas vão desaparecendo valores, visões, atitudes… vão embrutecendo e vulnerabilizando a população tornando-a menos exigente.
Neste momento ninguém pensa num aumento sem equacionar o desemprego.
O fim da monarquia não foi a republica que se seguiu, pois esta era tão triste e vergonhosa como o regime antecessor.

Foi simplesmente uma lei que extinguiu os morgadios, a reforma agrária de então.
Hoje temos o IVA, o IRS e o IRC (para as micro empresas) que nos lembram: cada macaco no seu galho. Este só é quebrado por um macaco gordo, ou um sobrinho do mesmo.

Assim convidava à reflexão da plutocracia das bananas.
Imagine um pais com o mesmo nível de vida da Europa do norte, em que os nossos gestores de topo ganham como lá, e ao mesmo tempo, o ordenado mínimo por não chega a 90 contos.
Estranhamente no estrangeiro, os nossos imigrantes são reconhecidos pela sua capacidade de trabalho. Os nossos gestores nem por isso.
Aliás a grande sagacidade dos empresários portugueses tornou-os capatazes de “La Quinta Portugal”.
Inevitável gemerão eles com desculpas macro económicas.


Onde está a massa?????
É a grande questão que move multidões e também de quem das multidões se serve.
Se um vigarista puder ser bom para o meu pequeno mundo, porque não votar nele.
Uma espécie de Zé do Telhado.
O carismático herói pícaro da nossa república que rouba ao estado dá a Deus, aos pobres.

Um querido e altruísta ladrão que luta contra a desigualdade cinzenta e esquecida, demasiado numerosa para ser uma minoria.

Quantas vezes a ver uma película não torcemos pelo ladrão, em vez da antipática e deselegante autoridade.
Isto somos nós sem maldade… O bom selvagem que a sociedade corrompe?
Ou somos mesmo nós … predadores de nós próprios?
O resto são arranjos florais e muito verniz para ficarmos bem na fotografia ao lado de Rousseau e Hobbes.

Estranho quando a realidade ultrapassa a ficção, fico deslocado.
Nesta república vota-se como se nomeia uma expulsão, num qualquer concurso de televisivo.
Não condeno ninguém.
Fica o resumo:

O actual governo, eleito por maioria absoluta, nem um programa eleitoral elaborou.
Percebe-se que não faça diferença, na república que se orgulha de ter substituído o analfabetismo pela iletracia.
Mas adiante, para cúmulo do azar só o principal candidato a 1º ministro (grande apreciador de bananas) desconhecia o estado das finanças públicas.
Antes disto o presidente da republica para impedir que fossemos governados por um pedófilo, oferece o governo a um dos maiores demagogos da nossa história, desconfio que da pré-história também.
Mas para ter maioria continuou o governo com outro grande apreciador de bananas, que ao serviço da nação atropelava tudo quanto tinha escrito como consciência moral da república.
Isto tudo porque o então 1º ministro abandonou o pais, para fazer de banana na Europa.
Tendo este sucedido a um outro, que precisava de um queijo para governar e era incapaz de tomar uma decisão digna desse nome.
Então simplesmente desistiu.

E nós engolimos tudo,
como uma mulher gulosa.
pal