sábado, março 11, 2006

O desporto e o ensino

"Todos os bébés, quando nascem, são do Benfica! Depois há uns que evoluem e outros não..." Autor desconhecido

Na passada Quarta-feira dei por mim a torcer pelo SLB. Confesso que não é muito normal isto acontecer, mesmo quando o adversário não é português. Aliás, as últimas vezes que dei por mim a torcer verdadeiramente por um clube que não o meu, corresponderam aos jogos decisivos do FCP, nos anos em que este ganhou a taça UEFA e a Liga dos Campeões! (o que até pode ser um bom presságio para o SLB)
É verdade que, racionalmente, como Português, quero que todas as equipas nacionais vençam os seus jogos das competições europeias, até pela questão da acumulação de pontos para o ranking europeu, que permite a participação de um maior número de clubes nacionais nas edições seguintes destas provas. Mas emocionalmente... é quase contra-natura estar a torcer por estes dois clubes. No fundo, se ganharem é bom, mas se perderem também dá para gozar com os amigos benfiquistas ou portistas. A diferença também surge pelo nível do adversário: é completamente diferente o "falatório" que resulta de o Benfica ser eliminado por um Liverpool (ou pelo próximo Barcelona) do que se o fosse por uma equipa fraca, como a que eliminou o Sporting este ano (e que, curiosamente, também tinha eliminado o Benfica há uns 3 ou 4 anos atrás).
Mas o pensamento que eu queria deixar aqui tem outro sentido. Estes "sentimentos incoerentes" que são normalmente associados ao constante clima de guerrilha fomentado pelos dirigentes dos clubes - para quem a palavra desporto significará o levantamento de um copo de whisky - devem-se também à nossa própria educação (o clubismo passa de pais para filhos) e ao convívio com os amigos, sejam eles do nosso clube ou de outro qualquer (se bem que, abaixo do Mondego a geração a que pertencemos se dividia apenas entre Benfica e Sporting, tendo as vitórias do Porto contribuido para alterar um pouco o clubismo das gerações posteriores).
É um pouco como andarmos anos a fio a aprender na escola que os espanhóis são uns grandes malandros e que os "tugas" nunca se deixaram dominar, dando grandes tareias nesses totós, e agora vermos que os espanhóis até se estão a safar bem melhor que nós, que são os nossos principais parceiros comerciais e que a cooperação entre os dois países será benéfica para ambos! (e o "tuga" pensa: mas como é que podemos ser amigos desses malandros?)
Ensinar os "putos" a serem mais tolerantes também devia constar da actual reformulação do ensino...
Para mim, já não há hipótese! Além de hoje ir torcer pelo meu Sporting, ontem era do Setúbal desde pequenino e amanhã serei adepto incondicional da Naval!! Está-se mesmo a ver porquê...

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